Como formar alunos independentes eficazes

Artigo escrito por Jill West, autor da Cengage e professor na Faculdade Técnica Georgia Northwestern

As crianças nascem com um senso inato de curiosidade, mas poucas desenvolvem habilidades sofisticadas de aprendizado sem orientação. O maior impacto que os professores podem causar no sucesso de seus alunos não é incluindo todos os estilos de aprendizagem ou entretendo os alunos. É ensiná-los a se tornarem alunos independentes.

É aí que você entra.

Um aluno independente está motivado a aprender, pode gerenciar suas atividades de aprendizagem com eficácia e resolver problemas ao longo do caminho para aproveitar ao máximo seus esforços. Embora algumas dessas habilidades precisem vir de dentro, o mais importante que você pode fazer para orientar os alunos à independência é construindo relacionamentos com eles. Os alunos se interessarão mais pelo conteúdo que estão aprendendo se souberem que você se importa com eles.

 

Alunos independentes prosperam em relacionamentos

No meu primeiro semestre na faculdade, enfrentei uma experiência traumática que poderia ter atrapalhado minha carreira acadêmica. Certo dia, fui para uma aula de Psicologia em estado de crise mental. Não estava com minha bolsa, nem livros, nem nada. Meu professor me viu, ele realmente me viu. Ele me deu um caderno e uma caneta e continuou dando aula. Com aquele único gesto, ele me deu uma âncora de normalidade e gentileza no meio da tempestade. Enquanto lidava com outro problema nas semanas seguintes, não queria mais nada além de continuar aparecendo nas aulas e continuar indo bem. Ele fez diferença na minha vida.

Com meus alunos, sempre me lembro de que mesmo a menor coisa que eu diga ou faça que reconheça suas lutas e seu valor pode ser a única coisa a que eles se agarram enquanto seguem em frente. Suas conexões e ações serão a chave para construir relacionamentos com seus alunos e estimular o aprendizado independente.

 

Comunique-se, comunique-se, comunique-se

A base de bons relacionamentos é a comunicação. Certifique-se de que seus alunos sabem que você está lá para apoiá-los.

Delineie expectativas claras

É difícil para um aluno atingir uma meta se ele não souber o que almeja. Forneça rubricas, diretrizes e o programa de estudos para que os alunos avaliem seu próprio progresso. Também podemos ajudar a aliviar a carga cognitiva que os alunos enfrentam enviando lembretes regulares.

Incentive a comunicação

Os alunos não precisam ser exageradamente sociáveis; mas, os que tomam a iniciativa de fazer perguntas e demonstram que entenderam as expectativas serão beneficiados. Para desenvolver essa habilidade, convide frequentemente os alunos para conversar e, quando eles o fizerem, esteja mentalmente presente para que eles se sintam ouvidos e conhecidos.

 

Personalize as interações

Em um ambiente on-line, ofereço muitas oportunidades de comunicação individual com os alunos, seja por e-mail ou videochamadas improvisadas. Embora a maioria das informações que forneço seja repetida para muitos alunos, eu as personalizo de acordo com as necessidades de cada aluno, fazendo perguntas sobre seus desafios. Isso me ajuda a construir um relacionamento e descobrir nível de dificuldades dele e oferecer individualmente a orientação e as ferramentas de que precisam para continuar crescendo como alunos independentes.

Verifique o progresso dos alunos

Fico de olho no progresso de cada aluno em suas tarefas e verifico quando percebo que alguém está atrasado ou teve uma nota especialmente baixa em uma tarefa ou teste. É incrível como um simples e-mail pode ser produtivo, por exemplo: “Vi que você não entendeu. Está tudo bem? Como posso te ajudar?”

A autodescoberta e a reflexão ajudam os alunos independentes.

Um aluno independente eficaz pode resolver problemas para otimizar seus esforços de aprendizagem e buscar recursos para responder às suas perguntas. Como professor, você pode dar aos alunos oportunidades de desenvolver essas habilidades.

Atividades para descobrir informações

Embora muitos professores não gostem de fóruns de discussão, gosto dessa oportunidade de me conectar com os alunos. Tento incorporar atividades em que os alunos descobrem informações, compartilham o que aprenderam ou mostram algo que criaram. É uma chance para todos refletirmos sobre o que foi aprendido e quaisquer perguntas que surgirem.

Oportunidades para autorreflexão

Embora alguns alunos precisem de mais apoio no início da aula, procuro micro-oportunidades para lentamente passar a responsabilidade por seu aprendizado. Discutimos suas perguntas e onde podem encontrar recursos para respondê-las. Aponto os padrões do material e comemoro o que aprendemos com os erros. Também dou muita importância aos momentos em que eles descobrem as coisas por conta própria.

A tarefa fundamental de cada aluno em minhas aulas é desenvolver um senso de independência com o material. No final, sairão da aula sabendo que são mais capazes do que quando entraram.

 

Alunos independentes valorizam a liberdade e a responsabilidade

Provavelmente, você já ouviu a citação de Eleanor Roosevelt e colegas: “Com a liberdade vem a responsabilidade”. A cada semestre, crio oportunidades de liberdade e enfatizo a responsabilidade que vem com essa liberdade.

Por exemplo, dou um curso introdutório de STEM obrigatório para todos os alunos, independentemente do seu curso de graduação. Em geral, os alunos se matriculam no curso no primeiro semestre do primeiro ano e nunca foram a uma aula na faculdade antes. O ambiente pode ser intimidador e, às vezes, eles precisam de tempo para se ajustar às expectativas do nível universitário.

Defino as datas de entrega como diretrizes, mas os alunos não perdem nenhum ponto por enviar trabalhos atrasados. Se os alunos não tiverem participando, começam a sentir o estresse de não estar em dia e, como consequência natural, terão dificuldade de recuperar o atraso. Descobri que as consequências naturais são mais eficazes quando cultivamos a motivação em vez das punições.

Embora eu monitore se algum aluno começa a não acompanhar o curso para poder fornecer suporte, reforço sua responsabilidade de fazer o trabalho para recuperar o atraso. Apesar dessa técnica não funcionar em todas as classes, o ponto aqui é que incorporo a liberdade sempre que possível para enfatizar a responsabilidade.

Usei essa mesma abordagem de consequências naturais por quase duas décadas sendo pai de quatro filhos, e também a incorporei em minha sala de aula. Não estou lá para puni-los, pressioná-los ou repreendê-los. Meu trabalho é encorajar e dar orientação e assistência quando necessário. Os alunos escolhem o nível e os tipos de ajuda que desejam de mim. Meu objetivo é capacitá-los a tomar suas próprias decisões e compreender as consequências de suas escolhas para que possam crescer como aprendizes independentes.

 

Este artigo foi traduzido para o português pela Cengage Brasil. O texto original pode ser acessado aqui