Aprendizagem ativa: como engajar os alunos

Quando nossos meninos eram jovens, nosso pediatra nos disse para considerar sua dieta ao longo de uma semana, em vez de nos concentrar em cada refeição individual. Nesse mesmo sentido, quando penso em aprendizagem ativa, foco na combinação de estratégias que posso usar para engajar os alunos e fazê-los investir em seu aprendizado ao longo do semestre.

Em última análise, meu objetivo é mudar a mentalidade dos alunos, passando de tentar concluir o curso para tentar aprender o conteúdo. Quando consigo fazer essa mudança acontecer, os alunos participam da aula de uma maneira mais significativa.

Nos meus cursos, procuro criar uma cultura em que nos concentramos em aprender desde o primeiro dia. Sou honesta e aberta sobre algumas das maneiras como estruturo minha aula e minhas razões para fazê-lo.

Na aprendizagem ativa, a mentalidade do aluno é fundamental

Acredito firmemente que, para os alunos se envolverem ativamente no processo de aprendizado, você deve ajudá-los a mudar a mentalidade de “completar o curso para obter os créditos” para “aprender o conteúdo”.

Depois de fazê-los se concentrar no aprendizado, a aprendizagem ativa se seguirá. Nas aulas STEM (acrônimo em inglês usado para designar as quatro áreas do conhecimento: Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática) é preciso estar ativamente engajado para realmente aprender o conteúdo, portanto, você deve considerar como fará seus alunos se engajarem.

Para mim, isso oferece uma oportunidade contínua de praticar o conteúdo anterior, porque alguns alunos levarão mais tempo para aprender do que outros. Não apenas ensino algo e sigo em frente sem considerar se os alunos aprenderam o conteúdo. Procuro me certificar de que os alunos aprenderam tudo e, se necessário, praticamos mais exercícios sobre o conteúdo apresentado.

Forneço a eles essa prática extra para que até o final do semestre eles se sintam orgulhosos do progresso que fizeram do começo ao fim.

Utilize “testes rápidos” no início de cada aula

Dou aos alunos em minhas aulas presenciais “testes rápidos” no início de cada reunião de classe. Esses questionários são muito curtos (três perguntas), mas abrangem o conteúdo de todo o semestre.

Durante a aula, falamos sobre como é importante revisarmos continuamente o conteúdo. Isso me dá a oportunidade de responder a quaisquer perguntas restantes. Também me ajuda a garantir que os alunos se lembrem do que aprendemos ao longo do semestre..

Um truque que guardo na manga quando os alunos estão se preparando para entregar esses questionários é anunciar: “você pode trabalhar com um colega pelos próximos dois minutos”.

As conversas profundas durante esses dois minutos (que costumo estender por causa das ótimas interações que acontecem), mesmo daqueles que evitam o trabalho em grupo, são incríveis. Cada vez que utilizo essa estratégia, também vejo meus alunos se sentindo mais à vontade para participar do trabalho em grupo que fazemos ao final das nossas aulas.

Adicione alguns problemas ao final de cada tarefa de casa que cobrem o conteúdo anterior

Também adiciono três a quatro problemas no final de cada tarefa de casa que cobrem o conteúdo do início do semestre.

Na aula, falamos sobre o fato de que, mesmo que um aluno tenha lutado com um problema no início do semestre, não vamos parar e deixar por isso mesmo. Eu lhes dou oportunidades de praticar o conteúdo porque tenho uma crença inabalável de que eles podem abordar até os conceitos mais difíceis quando tiverem tempo e prática suficientes!

Forneça outras oportunidades para praticar em sala de aula

A aprendizagem ativa é diferente em cursos focados no STEM porque os alunos não poderão “se virar” apenas observando o professor resolver os problemas.

Em última análise, os alunos devem resolver os problemas por conta própria para que possam praticar o pensamento sobre como começar — e os vários caminhos a seguir para chegar à resposta.

Alguns anos atrás, tive um momento “eureca” enquanto tentava atualizar minhas anotações de aula.

Percebi que meus alunos não vão aprender melhor o conteúdo me vendo trabalhar com um ou dois exemplos adicionais. Naquele semestre, reduzi drasticamente a parte teórica das minhas aulas e adicionei uma parte de trabalho em grupo ao final de cada aula, na qual meus alunos trabalham em grupos para resolver problemas extras.

Use o trabalho em grupo para desenvolver uma compreensão mais profunda

Percebi que, se os alunos estivessem trabalhando nesses problemas adicionais sozinhos, alguns ficariam presos e confusos. Portanto, os problemas práticos extras que dou aos meus alunos para trabalhar no final da aula são dados como trabalho em grupo.

Acredito que todos os alunos, independentemente do seu nível de conhecimento, se beneficiam do trabalho em grupo de forma significativa. É divertido ver as diferenças na dinâmica de grupo para grupo. Também implemento laboratórios ao longo do semestre, nos quais os alunos podem aproveitar a tecnologia e outros recursos para ver o conteúdo sob uma luz diferente.

Use vídeos curtos para cursos on-line

Não vou mentir — encontrar o pivô para todas as aulas on-line foi difícil para mim. Depois de anos de ajustes, finalmente encontrei estratégias diferentes a fim de deixar meus alunos à vontade para participar ativamente dos grupos.

Agora crio vídeos curtos para postar no início de cada semana. Muitas vezes, esses vídeos incluem lembretes sobre suas tarefas, mas também falo sobre um ou dois problemas com os quais notei que o grupo teve dificuldades em seus deveres de casa. Quero que meus alunos on-line saibam que, embora a aula seja on-line e eles estejam trabalhando em casa, eles não estão trabalhando em casa sozinhos.

Quanto mais eles puderem ver meu rosto e ouvir minha voz, melhor.

Comece cultivando a mentalidade certa e, depois, envolva os alunos incorporando a aprendizagem ativa em seus cursos. Essas pequenas mudanças podem ter um grande impacto na experiência de aprendizagem de seus alunos e podem ser adaptadas a qualquer curso.

 

 

Tracy Zanolini é colaboradora do corpo docente da Cengage US e professora de matemática na Rowan Cabarrus Community College. Aqui ela discute a aprendizagem ativa (Active Learning) em seus cursos e fornece dicas para ajudá-lo a adicionar estratégias de aprendizagem ativa ao seu projeto didático. Este artigo escrito foi adaptado e traduzido para o português pela Cengage Brasil. O texto original pode ser lido aqui