Criando uma cultura de cuidado em saúde mental na sala de aula

Há muitos fatores a serem considerados à medida que exploramos novas maneiras de engajar e apoiar nossos alunos. Mas a coisa mais importante que devemos considerar é o impacto que a saúde mental tem sobre os alunos.

Sabendo disso, quero encorajar — e desafiá-lo — a olhar além da expectativa de um aluno bem-comportado. Em vez disso, pense em quais comportamentos e mudanças reais na aprendizagem podem indicar um problema na saúde geral de um aluno.

Compreender os comportamentos dos alunos, gerenciar suas perspectivas e respostas, reconhecer os sintomas e saber quando intervir são fundamentais para oferecer uma aula eficaz e ter um semestre bem-sucedido. Neste artigo, vou discutir algumas maneiras de criar uma cultura de cuidado em sua sala de aula, onde você e seus alunos possam se sentir apoiados.

Ambiente universitário em crise

Os problemas de saúde mental já estavam aumentando entre os estudantes universitários antes da pandemia de Covid-19. Mas desde o seu início, a saúde mental dos alunos sofreu uma queda drástica.

Um estudo com quase seis mil participantes, de todas as regiões do Brasil, realizado pela pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), revela o alto impacto da pandemia nas atividades acadêmicas e na saúde mental de estudantes de pós-graduação. Entre outros dados, a pesquisa aponta que 45% dos alunos foram diagnosticados com ansiedade generalizada e 17% com depressão durante o primeiro ano da pandemia. Além disso, mais de 60% relataram crises de ansiedade e dificuldade para dormir. Falta de motivação e problemas de concentração foram reportados por quase 80%.

Obviamente há uma necessidade extrema de nós, educadores, pensarmos fora da caixa e garantir que nossos alunos possam experimentar um ambiente propício à sua saúde mental em nossas salas de aula.

Um estudo com quase seis mil participantes, de todas as regiões do país, revela o alto impacto da pandemia de Covid-19 nas atividades acadêmicas e na saúde mental de estudantes de pós-graduação. Entre outros dados, a pesquisa aponta que 45% dos alunos foram diagnosticados com ansiedade generalizada e 17% com depressão durante o primeiro ano da pandemia. Além disso, mais de 60% relataram crises de ansiedade e dificuldade para dormir. Falta de motivação e problemas de concentração foram reportados por quase 80%.

Sinais de alerta

É importante identificar sinais de alerta de problemas de saúde mental e oferecer apoio.

Como professor, você pode notar apenas sinais de alerta de doença mental em seus alunos esporadicamente. Ou você pode vê-los todos os dias durante semanas a fio. Embora esses sinais não indiquem necessariamente um diagnóstico de saúde mental, eles devem incentivá-lo a prestar mais atenção ao aluno se outras ações forem necessárias.

Alguns sinais de alerta comportamentais podem incluir:

• Incapacidade de se concentrar.
• Evitar conversa ou contato visual.
• Afastamento de amigos ou atividades habituais.
• Notas decrescentes.
• Tristeza ou irritabilidade que persiste ao longo do tempo.
• Desafio de autoridade.
• Ausências repetidas.
• Falar sobre sentimentos de desesperança.
• Mudanças marcantes de personalidade.

Se você perceber esses comportamentos em um aluno, converse com ele individualmente. Eles podem ser mais propensos a comunicar informações mais confidenciais em particular do que em um grupo. Reconhecer suas lutas como uma pessoa inteira, não apenas como aluno, também é fundamental.

Estabelecendo sua sala de aula como um ambiente seguro

Sua sala de aula não é apenas paredes e janelas — é um lugar para os alunos aprenderem e crescerem. Ter um ambiente seguro e de apoio na sala de aula é importante para todos.

A maioria dos alunos em sua sala de aula provavelmente experimentará algum grau de sofrimento mental. Como professor, você desempenha um papel fundamental no acesso dos alunos e no envolvimento com os serviços de suporte no campus, bem como em seu sucesso acadêmico geral. Estabeleça sua sala de aula como um ambiente de apoio, fornecendo um fórum em que os alunos possam ser ouvidos e compreendendo que alunos diferentes têm experiências diferentes e reagem ao estresse e à ansiedade de diferentes maneiras.

Também é importante estar ciente de sua própria saúde mental. Dessa forma, você pode gerenciar adequadamente suas responsabilidades de ensino e dispor de um tempo para você quando necessário.

Compartilhando a importância da saúde mental

Como educadores, somos responsáveis por fornecer mais do que apenas conteúdos acadêmicos. Também ajudamos os alunos a aprender autocuidado e responsabilidade pessoal. Parte dessa educação é ensinar quando e como procurar ajuda para problemas mentais ou emocionais. Mas como ensinar a importância da saúde mental?

Uma maneira é compartilhar suas próprias experiências quando elas forem relevantes. Por exemplo, você pode dizer a seus alunos se teve dificuldades para falar em público na graduação. Talvez você tenha medo de que, se alguém visse como você estava nervoso, ninguém levaria nada do que você dissesse a sério! Então, quando você diz a eles que a participação deles é importante, eles percebem o motivo: por que todos nós nos beneficiamos ao ouvir o que todos têm a dizer.

Ao compartilhar suas próprias experiências, você está mostrando a eles não apenas que a vulnerabilidade é aceitável (e até necessária), mas que eles têm algo valioso a acrescentar à discussão.

Principais lições

Vou deixar algumas recomendações sobre como administrar sua sala de aula, mantendo a saúde mental como prioridade:

• Saiba onde e quando encaminhar seus alunos para ajuda profissional.
• Fique em contato com os consultores para transmitir preocupações em tempo hábil.
• Comece cada semestre com um quebra-gelo que demonstre suporte e relacionamento.
• Sempre faça check-ins com os alunos no início de cada aula (check-ins são um processo em que os alunos são convidados a parar, pausar, explorar e apreciar suas emoções. Isso normaliza falar sobre sentimentos e capacita os alunos a enxergar suas emoções como ativos.
• Mantenha uma cultura de cuidado ao longo do semestre.
• Concentre-se nos pontos fortes dos alunos em vez de nas fraquezas.
• Esteja disponível antes do início da aula e após o término da aula.

Encontre mais artigos e dicas sobre educação no blog da Cengage

Christal E. Carmichael é Professora de Psicologia na North Carolina Central University. Artigo adaptado e traduzido pela Cengage Brasil. Texto original pode ser lido aqui.